Minha releitura do Ratatouille


Claro que não vou lembrar onde eu li ou escutei que as receitas mais saborosas dos cozinheiros nascem da espontaneidade da fome, do desejo do paladar e do que se tem na geladeira. Hihi!

Num momento único de criação e raciocínio, algo tão interno que involuntariamente contamina os movimentos e as sinapses que num piscar de olhos surge o reflexo do desejo. O fato torna-se tão incrível que particularmente comparo as batidas do coração acelerado ao nos depararmos com uma situação que só a coragem mesmo, com uma pequena força da adrenalina, possibilita acontecer. A felicidade é tão interessante que cria o aconchego de abraço da pessoa querida e nessa mesma linha, quase que misteriosa as partículas da existência torna-se algo físico e consistente, com uma explicação da nítida simplicidade do acaso e desejo.

E assim surgiu esse prato, que com certeza seria uma releitura do Ratatouille, se o desejo de recriar estivesse em questão. O divertido é que a típica receita rústica do século XVIII da região da Provença, França é um combinação impar de ingredientes e conceitos culturais da região e de suas influências. O que me faz comparar a minha receita com a clássica ratatouille são os ingredientes usados, principalmente a berinjela, tomate e abobrinha, indispensáveis para qualquer variação do prato. Outro fator de tal aproximação foi à técnica utilizada, a francesa.

A partir desta introdução, posso adicionar os demais ingredientes comuns na gastronomia e de inúmeras possibilidades. Os adicionais foram: alho, cenoura, batata baroa, cogumelo paris, chuchu, verdura mostarda e physalis, este último merece até um tópico extra de tanto que adoro, ainda mais depois de ter encontrado ao acaso no hortifruti da Rua Dias Ferreira no Leblon. O nome da receita ta complicado decidir, nenhuma idéia surge, então, vou chamá-lo de:

Minha releitura do ratatouille.

q.b azeite
2 dentes de alho
1/2 cebola média
q.b sal grosso
q.b pimenta do reino
1 Batata baroa média
2 cenouras pequenas
1 Tomate italiano
2 mini chuchu
5 cogumelos paris
1 berinjela média
1 abobrinha média
5 folhas de mostarda
2 physalis
1 c.sopa de manteiga s/sal
q.b Flor de sal


Pré-preparo

- Alho: dentes inteiros e levemente pressionados
- Cebola: 4 pétalas
- Batata baroa será cortada em meia-lua com 3 cm de espessura
- Cenoura deve ter no máximo 5 cm de diâmetro e será cortada em rodelas de 2 cm.
- Tomate: 6 pétalas, manter a casca e sementes.
- Chuchu: cortar ao meio verticalmente, retirar a semente, manter a casca e cortar ao meio no sentido vertical novamente.
- Cogumelos: limpos e inteiros
- Berinjela: cortada ao meio e em trapézios de 7cm de lado
- Abobrinha: cortada ao meio e em trapézios de 7cm de lado
- Physali: inteiros
- Folhas de mostarda: retirada o caule rasgada ao meio.


Preparo

Aqueça o azeite numa panela média, adicione os dentes de alho e deixe ganhar cor, adicione a cebola e deixe-a caramelizar, tempere com o sal grosso e a pimenta do reino moída na hora. Neste momento, acrescente todos os ingredientes de uma única vez, reservando a mostarda e o physalis para depois. Envolva todos os ingredientes com o azeite, até que suas cores fiquem ainda mais vivas. Tampe e deixe cozinhar no próprio líquido e vapor, mexendo três vezes durante a cocção e testando com uma faca a textura de cada ingrediente, os próprios irão criar um caldo consistente e cremoso que irá acompanhar a receita. Adicione a physalis na segunda vez que verificar a cocção. Quando todos os ingredientes estiverem macios e a cenoura levemente crocante, adicione as folhas de mostarda cobrindo todos os ingredientes, acrescente a manteiga, tampe e deixe apurar até que a manteiga derreta por completo, misture tudo somente uma vez e monte o prato, finalizando com a flor de sal.

Música: Bocochê – Paulo Bellinati/Mônica Salmaso